Pensar em
ti
Pensar em ti é coisa delicada.
É um diluir de tinta espessa e farta
e o passá-la em finíssima aguada
com um pincel de marta.
É um diluir de tinta espessa e farta
e o passá-la em finíssima aguada
com um pincel de marta.
Um pesar grãos de nada em mínima
balança,
um armar de arames cauteloso e atento,
um proteger a chama contra o vento,
pentear cabelinhos de criança.
um armar de arames cauteloso e atento,
um proteger a chama contra o vento,
pentear cabelinhos de criança.
Um desembaraçar de linhas de
costura,
um correr sobre lã que ninguém saiba e ouça,
um planar de gaivota, como um lábio a sorrir.
um correr sobre lã que ninguém saiba e ouça,
um planar de gaivota, como um lábio a sorrir.
Penso em ti com tamanha
ternura
como se fosses vidro ou película de louça
que apenas com o pensar te pudesses partir.
como se fosses vidro ou película de louça
que apenas com o pensar te pudesses partir.
António Gedeão
Achei lindo este soneto! O eu-lírico
compara o pensar na pessoa amada com o que existe de mais delicado,
deixando transparecer (e o transparente, diáfano, aqui cai
muito bem) a importância desta pessoa para ele...
E é assim que devemos pensar e
cuidar do amor: com ternura, como algo delicado, que merece atenção,
mimos, zelo...
Beijos, um ótimo domingo para
todos!
Com carinho
Isabel
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