sábado, 13 de fevereiro de 2016

Eu não te conheço, mas existes


Eu sei, não te conheço, mas existes

Eu sei, não te conheço, mas existes.
Por isso a solidão não existe
E apenas me dói a tua ausência
Como uma fogueira
Ou um grito.

Eu sei, não digas, deixa-me inventar-te.
Não é um sonho, juro, são apenas as minhas mãos
Sobre a tua nudez
Como uma sombra no deserto.

É apenas este rio que me percorre há muito e deságua em ti,
Porque tu és o mar que acolhe os meus destroços.
É apenas uma tristeza inadiável, uma outra maneira de habitares
Em todas as palavras do meu canto.

Tenho construído o teu nome com todas as coisas.
Tenho andado à tua procura, sempre à tua procura
Até me dar conta que estás em mim,
Que é em mim que devo procurar-te,
E tu apenas existes porque eu existo
E eu já não estou sozinho contigo
Porque eu já te amo
Antes de conhecer-te.

António Gedeão


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