quarta-feira, 16 de março de 2016

Rosa Sem Espinhos


Rosa Sem Espinhos

Para todos tens carinhos,
A ninguém mostras rigor!
Que rosa és tu sem espinhos?
Ai, que não te entendo, flor!

Se a borboleta vaidosa
A desdém te vai beijar,
O mais que lhe fazes, rosa,
É sorrir e é corar.

E quando a sonsa da abelha,
Tão modesta em seu zumbir,
Te diz: - Ó rosa vermelha,
 Bem me podes acudir:

 Deixa do cálix divino
 Uma gota só libar...
Deixa, é néctar peregrino,
 Mel que eu não sei fabricar ...

Tu de lástima rendida,
De maldita compaixão,
Tu à súplica atrevida
Sabes tu dizer que não?

Tanta lástima e carinhos,
Tanto dó, nenhum rigor!
És rosa e não tens espinhos!
Ai!, que não te entendo, flor.

Almeida Garrett



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