domingo, 14 de fevereiro de 2016

Tu Vieste


Tu Vieste

Nunca houve palavras para gritar a tua ausência
Apenas o coração
Pulsando a solidão antes de ti
Quando o teu rosto doía no meu rosto
E eu descobri as minhas mãos sem as tuas
E os teus olhos não eram mais
que um lugar escondido onde a primavera
refaz o seu vestido de corolas.
E não havia um nome para a tua ausência.

Mas tu vieste.
Do coração da noite?
Dos braços da manhã?
Dos bosques do outono?

Tu vieste.
E acordas todas as horas.
Preenches todos os minutos.
Acendes todas as fogueiras
Escreves todas as palavras.

Um canto de alegria desprende-se dos meus dedos
quando toco o teu corpo e habito em ti
e a noite não existe
porque as nossas bocas acendem na madrugada
uma aurora de beijos.

Joaquim Pessoa


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