A Mulher
Ramada
Verde claro, verde escuro, canteiro
de flores, arbusto entalhado, e de novo verde claro, verde escuro,
imenso lençol do gramado; lá longe o palácio. Assim o jardineiro
via o mundo, toda vez que levantava a cabeça do trabalho.
E via carruagens chegando, silhuetas
de damas arrastando os mantos nas aléias, cavaleiros partindo para
a caça.
Mas a ele, no canto mais afastado do
jardim, que a seus cuidados cabia, ninguém via. Plantando, podando,
cuidando do chão, confundia-se quase com suas plantas,
mimetizava-se com as estações. E se às vezes, distraído, murmurava
sozinho alguma coisa, sua voz não se entrelaçava à música distante
que vinha dos salões, mas se deixava ficar pelas folhas, sem que
ninguém a viesse colher.
Já se fazia grande e frondosa a
primeira árvore que havia plantado naquele jardim, quando uma dor
de solidão começou a enraizar-se no seu peito. E passados dias, e
passados meses, só não passando a dor, disse o jardineiro a si
mesmo que era tempo de ter uma companheira.
No dia seguinte, trazidas num saco
duas belas mudas de rosa, o homem escolheu o lugar, ajoelhou-se,
cavou cuidadoso a primeira cova, mediu um palmo, cavou a segunda, e
com gestos sábios de amor enterrou as raízes. Ao redor afundou um
pouco a terra, para que a água de chuva e rega mantivesse sempre
molhados os pés da rosa.
Foi preciso esperar. Mas ele, que há
tanto esperava, não tinha pressa. E quando os primeiros, tênues
galhos despontaram, carinhosamente os podou, dispondo-se a esperar
novamente, até que outra brotação se fizesse mais forte.
Durante meses trabalhou conduzindo
os ramos de forma a preencher o desenho que só ele sabia, podando
os espigões teimosos que escapavam à harmonia exigida. E aos
poucos, entre suas mãos, o arbusto foi tomando feitio, fazendo
surgir dos pés plantados no gramado duas lindas pernas, depois o
ventre, os seios, os gentis braços da mulher que seria sua. Por
último, cuidado maior, a cabeça levemente inclinada para o
lado.
O Jardineiro ainda deu os últimos
retoques com a ponta da tesoura. Ajeitou o cabelo, arredondou a
curva de um joelho. Depois, afastando-se para olhar, murmurou
encantado:
--Bom dia, Rosamulher.
Agora levantando a cabeça do
trabalho, não procurava mais a distância. Voltava-se para ela,
sorria, contava o longo silêncio da sua vida. E quando o vento
batia no jardim, agitando os braços verdes, movendo a cintura, ele
todo se sentia vergar de amor, como se o vento o agitasse por
dentro.
Acabou o verão, fez-se inverno. A
neve envolveu com seu mármore a mulher ramada. Sem plantas para
cuidar, agora que todas descansavam, ainda assim o jardineiro ia
todos os dias visita-la. Viu a neve fazer-se gelo. Viu o gelo
desfazer-se em gotas. E um dia em que o sol parecia mais morno do
que de costume, viu de repente, na ponta dos dedos esgalhados,
surgir a primeira brotação na primavera.
Em pouco, o jardim vestiu o cetim
das folhas novas. Em cada tronco, em cada haste, em cada pendúculo,
a seiva empurrou para fora pétalas e pistilos. E mesmo no escuro da
terra os bulbos acordaram, espreguiçando-se em pequenas pontas
verdes.
Mas enquanto todos os arbustos se
enfeitavam de flores, nem uma só gota de vermelho brilhava no corpo
da roseira. Nua, obedecia ao esforço de seu jardineiro que, temendo
que viesse a floração a romper tanta beleza, cortava rente todos os
botões.
De tanto contrariar a primavera,
adoeceu porém o jardineiro. E ardendo de amor e febre na cama,
inutilmente chamou por sua amada.
Muitos dias se passaram antes que
pudesse voltar ao jardim. Quando afinal conseguiu se levantar para
procurá-la, percebeu de longe a marca da sua ausência.
Embaralhando-se aos cabelos, desfazendo a curva da testa, uma rosa
embabadava suas pétalas entre os olhos da mulher. E já outra no
seio despontava.
Parado diante dela, ele olhava e
olhava. Perdida estava a perfeição do rosto, perdida a expressão do
olhar. Mas do seu amor nada se perdia. Florida, pareceu-lhe ainda
mais linda. Nunca Rosamulher fora tão rosa. E seu coração de
jardineiro soube que jamais teria coragem de podá-la. Nem mesmo
para mantê-la presa em seu desenho.
Então docemente a abraçou
descansando a cabeça no seu ombro. E esperou.
E, sentindo sua espera, a
mulher-rosa começou a brotar, lançando galhos, abrindo folhas,
envolvendo-o em botões, casulo de flores e perfumes.
Ao longe, raras damas
surpreenderam-se com o súbito esplendor da roseira. Um cavaleiro
reteve seu cavalo. Por um instante pararam, atraídos. Depois
voltaram a cabeça e a atenção, retomando seus caminhos. Sem
perceber debaixo das flores o estreito abraço dos amantes.
Marina
Colasanti
slk zé
ResponderExcluiraula chata do krl
ResponderExcluiraula chata da prr
ResponderExcluirkrlh
é mrm
Excluirmeu penis ta ereto
Excluirvasco da gama
Excluirq bosta
ResponderExcluirVitor gay
ResponderExcluirviva o comunismoooo!!!
ResponderExcluirfds tmnc
ExcluirVitão muito masculo
ResponderExcluirVitao um homao da porra
Excluirvitao fortao da porra
Excluirvitoboladao
Excluirgostei da historia, nao da aula
ResponderExcluirviva urss
ResponderExcluiramém irmões
Excluir(m)amo o vitor
ResponderExcluir- Valentina, da 900
Excluirspu linda kiss kiss
ResponderExcluirTô aqui só por nota
ResponderExcluirKsksks