Soneto de
Contrição
Eu te amo, Maria, eu te amo
tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.
Como a criança que vagueia o
canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago de acalanto
Berçando versos de saudade imensa.
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago de acalanto
Berçando versos de saudade imensa.
Não é maior o coração que a
alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma...
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma...
E é uma calma tão feita de
humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.
Vinícius de Moraes
Vinicius não é o Poetinha, como é
chamado carinhosamente.
É, antes, o Poetaço...
Pouquíssimos conseguem descrever tão bem o sentimento de quem ama como ele neste poema.
E, se contrição significa arrependimento, neste soneto tem o sentido de um amor humilde, abnegado,
que não espera ser correspondido e que, mesmo que o objeto do seu amor pertença a outro, nem mesmo assim o seu amor será menos eterno.
E é tão grande este sentimento, que nos curvamos, reverentes...
Isabel
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