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sábado, 14 de maio de 2016

Força

Desmancha o nó, 
tira a ferrugem,
espana o pó;
empurra o pesado,
cola o quebrado, 
abre o dobrado;
cerze o rompido,
coça a coceira, 
gruda o trincado, 
pensa o ardido
e faz brincadeira 
do verso chorado;
que a vida é rendeira 
de sedas ou trapos,
de rendas, farrapos 
ou fios de algodão;
que a fibra é comprida
 e o mundo artesão.
 
Flora Figueiredo 
 
 

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Aventureiro




Aventureiro

Não sei aonde esse barco vai me levando.
Só sei que vou indo,
às vezes partindo,
às vezes chegando.
Rumo a um porto escondido,
ou a um peito perdido.

Navego à deriva.
Levo uma missiva
ao cais da alegria.

Devo encontrá-lo a qualquer hora,
num cochilo da noite
ou num descuido do dia.

Enquanto isso, vou no balanço
sem tempo certo, sem compromisso.
Viajo inteira, sem horizonte
e uma saudade como companheira.
Tenho a imensidão como tema.

Flora Figueiredo

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Romântico


Romântico

Vou guardar esse luar desenxabido
no recôndito azul
do meu sentido.
Amanhã vou estendê-lo
para quarar
e tirar-lhe a forma de novelo.

Luar que se preza
não se encolhe sob nuvens ousadas
mas se distende lasso pelas calçadas
e se espreguiça,
até tocar com os dedos
o canto do primeiro galo.

Vou pendurá-lo pra secar
no varal do tempo
e fazer girar o cata-vento.

Quando a roda parar,
o luar vai se encontrar refeito
e o mundo que tem andado insatisfeito
vai sair outra vez para namorar.

Flora Figueiredo


Renovação


Vento novo

Estava enrolada
em teias e traças,
debaixo da escada,
lá no subsolo
da casa fechada.

Começava a tomar ares de desgraça.

Manchada do tempo,
fenecia
a esperar que um dia
alguma coisa acontecesse.

Antes que se perdesse completamente,
sentiu passar um vento cor-de-rosa.

Toda prosa, espanou a bruma,
pintou os lábios
e sem vergonha nenhuma
caprichou no recorte do decote.

A felicidade volta à praça
cheia de dengo e de graça,
com perfume novo no cangote.

Flora Figueiredo


Revezamento


Revezamento

Minha força pede um momento
de licença.
Ela quer sair pra descansar
e permitir
que a fragilidade atue um pouco
em seu lugar.

Depois de um certo tempo
a armadura pesa,
a lança emperra e se retesa.

Deixar a doçura encostar
nesse intervalo da razão.
... a decisão saiu um instante pra sonhar.

Flora Figueiredo


 


Estou perdidamente emaranhada
em seus fios
de delícias e doçuras.

Já não encontro o começo da meada,
não sei nem mesmo
se há uma ponta de saída,
ou se a loucura
vai num ritmo crescente
até subjugar a minha vida.

Não importa.
Quero seus nós de seda
cada vez mais cegos e apertados
a me costurar nas malhas e nos pelos.
Enquanto você me amarra,
permanece atado
na própria trama redonda do novelo.

Flora Figueiredo



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Se a Tristeza Vier


Se a Tristeza Vier

Se a tristeza vier
por qualquer motivo
Faça o seguinte: 

Assopre o pensamento triste,
deixe escorrer a última lágrima,
conte até vinte.

Abra então a janela,
aquela que dá para o voo dos pardais,
procure a luz que pisca lá na frente
(Evite as sombras que ficaram lá pra trás).

Ao encontrá-la,
coloque-a dentro do peito
de tal jeito, que possa ser notada
do lado de fora;

Acrescente agora uma pitada de poesia,
do tipo que passa por nós todos os dias
e nem sequer consegue ser notada;

Aumente o brilho,
com toda intensidade
de que um sorriso é capaz.

A felicidade é o seu limite,
e o paraíso é você mesmo quem faz.

Flora Figueiredo

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Método Infalível


Método Infalível
 
Aproxime-se mais.
Tente sentir do que um abraço é capaz.

Quando bem apertado,
ele ampara tristezas,
sustenta lágrimas,
combate incertezas,
põe a nostalgia de lado.
É até capaz de amenizar o medo.

Se for cheio de ternura,
ele guarda segredos
e jura cumplicidade.

Um abraço amigo de verdade
divide alegrias
e se apraz em comemorações.

Abraços são pequenas orações
de fé, de força e energia.

Olhe para o lado:
há alguém que quer ser abraçado
e não tem coragem de dizer.

Enlace-o.

O pior que pode acontecer
é ganhar de volta um sorriso de carinho
ou, quem sabe, uma palavra sincera.

Você vai descobrir que ninguém está sozinho
e que a vida pode ser um eterno céu de Primavera.

Flora Figueiredo


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Indomável




Indomável

Sem água morna,
sem pedra mole,
nem fogo brando.

Amor quando chega,
tem que vir arrebatando,
virando a mesa,
rompendo a porta.

Amor que se preza
agarra a vida na marra
e desentorta;
Abraça a hora com força
e desamassa.

Vem certo de ficar,
vai indo embora;
Vem pensando em partir,
mas vai ficando.

Sempre confuso,
é certo errante
que deixa tudo fora do lugar.
... e quanto mais o peito resistir
 tanto mais vai explodir de muito amar.

Flora Figueiredo

 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Fronteiras



Fronteiras

Sou capaz de fazer florescer
quantas flores você desejar
e lhe dar uma a toda hora,
a cada dia,
o ano inteiro.
A reflora é permanente,
desde que você não tente avançar:
Evite pisar no meu canteiro.

Flora Figueiredo


domingo, 7 de fevereiro de 2016

Oração da Manhã

Oração da Manhã

Bom dia, Pai!

Vamos tomar juntos o café da manhã?
Temos pendentes tantos assuntos!
(O pão está fresquinho, o café bem quente).
Ainda que só um minutinho,
Nós precisamos conversar.

Que bom receber sua visita logo de manhã!
Devo lhe contar um segredo:
Quero sair de casa, mas tenho medo,
Preciso segurar sua mão.

Falta mencionar tanta graça!
O girassol que nasce na calçada,
O rosa-amarelo da alvorada,
O pedaço de céu que pinga na vidraça,
na gota de orvalho que cai.
Daqui pra frente, eu sigo meu caminho
e lhe entrego todo meu afeto.
Você é mesmo meu amigo predileto!
 
Flora Figueiredo

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Dedos de Fada

Blog de meuamorvirtual :Borboletando, Dedos de Fada

Se Eu Tivesse Dedos de Fada

Se eu tivesse dedos de fada,
Bordaria estrelas no jardim...
Que fossem macias e estofadas,
Para que, descalço, você andasse sobre elas,
Como quem pisa em canteiros de cetim.

 
Se eu tivesse dedos de fada,
Desenharia flores pelo teto,
Que fossem azuis e perfumadas,
Para que os anjos, devidamente seduzidos,
Dissessem Amém aos seus sonhos preferidos.


Se eu tivesse dedos de fada,
Rabiscaria acordes nos espaços,
Que fossem quentes e excitantes,
Para que você desdenhasse do cansaço,
A cada vacilo no seu chão de caminhante.


Mas, por eu não ter dedos de fada,
Vou tentar modelar como um poeta,
A palavra correta e o peito ardente.
Para que você descubra finalmente
Que sou sua poesia predileta.

Flora Figueiredo


Um lindo dia para todos!

com carinho

Blog de meuamorvirtual : Borboletando, Dedos de Fada 

Como Nascem as Manhãs

Blog de meuamorvirtual :Borboletando, Como Nascem as Manhãs

O fundo dos olhos da noite
guarda silêncios.

Esconde-se na retina
a menina que corre descalça em campo aberto.

Pálpebras cerradas, a noite emudece.

A menina com medo
faz um furo no escuro com a ponta do dedo.

Cai um pingo de luz.

Amanhece.

Flora Figueiredo

Blog de meuamorvirtual : Borboletando, Como Nascem as Manhãs

Ainda bem que a menina fez um furo  no escuro... e o final de semana chegou!

Desejo a todos um dia cheio de coisas boas, de alegrias, de sorrisos, de paz e de vitórias!

com carinho

Isabel

Blog de meuamorvirtual : Borboletando, Como Nascem as Manhãs

domingo, 31 de janeiro de 2016

Masatoshi Matsunaga



 Felicidade

Se eu pudesse congelar o tempo,
escolheria este momento,
exatamente agora,
nesta pouca hora
de uma sexta-feira.

O gerânio novo
enfeitando a prateleira,
o riso de criança
brilhando lá fora.

O livro aberto
no lugar certo,
que simplesmente diz:
"Eu não tenho nada,
mas rouxinóis gorgolejam versos na calçada."

É assim que se começa a ser feliz.

Flora Figueiredo 



Um Presente




Ordem do dia

Eu abro a janela,
você acende o céu,
o gato toca o guizo.

Se for preciso,
a gente chama a banda,
cobre de lírios o espaço da varanda,
dá um brilho na pátina da areia.

Risca-se o poente com giz colorido
que faça sentido com a pele do mar.

E se, ao final da linha,
o rádio anunciar que tudo deu errado:
a ideia faliu,
a alegria dormiu,
o projeto quedou-se malfadado;
negou-se o teorema,
falhou o sistema,
perdeu-se a teoria,

então, abriremos por fim a nossa caixa,
onde se conservam bem guardados
o sonho, o veludo e a fantasia.

Flora Figueiredo


Mais um dia que Deus nos concede... vamos vivê-lo com alegria, com o coração agradecido. Afinal, o dia é um presente. Um "Obrigado, Senhor!" traz bem-estar, bom humor, luz às nossas vidas!
 
Dificilmente as coisas dão erradas quando temos uma boa disposição de espírito, quando temos um coração agradecido. E se tudo não for como planejamos, podemos, no final do dia, abrir a nossa caixa e liberar o sonho, o veludo, a fantasia. Afinal, logo teremos um novo dia e mais uma oportunidade de lutar pelo que queremos!

Beijos a todos!

com carinho

Isabel

Blog de meuamorvirtual : Borboletando, Um Presente

Lição de Casa

Blog de meuamorvirtual :Borboletando, Lição de Casa

Lição de Casa
 
Você tampa a panela,
dobra o avental,
deixa a lágrima secar no arame do varal.
Fecha a agenda,
adia o problema,
atrasa a encomenda,
guarda insucessos no fundo da gaveta.

A ideia é tirar a tarja preta
e pôr o dedo onde se tem medo.

Você vai perceber
que a gente é que faz o monstro crescer.

Em seguida superar o obstáculo,
pois pode-se estar perdendo
um espetáculo acontecendo do outro lado.

Atravessar o escuro
até conseguir tatear o muro,
que é o limite da claridade.

Se tiver capacidade para conquistá-la,
tente retê-la o mais que puder.

Há que ter habilidade, sem esquecer
que a luz é mulher.

Do inferno assim desmascarado,
é hora de voltar.

Não importa se é caminho complicado,
se a curva é reta,
ou se a reta entorta.

Você buscou seu brilho, voltou completo;
jogou a tranca fora, abriu a porta.

Flora Figueiredo

Blog de meuamorvirtual : Borboletando, Lição de Casa


Férias e lição de casa não combinam... mas esta, de vez em quando temos que encarar: enfrentar os nossos medos, os nossos fantasmas, os nossos desafios. Tirar da gaveta aquele projeto que estamos adiando por falta de coragem, por comodismo ou por não acreditar na nossa capacidade.

Lição de casa: fazer algo novo, ousar, experimentar, quebrar a cara, errar ou acertar, mas nunca deixar de tentar. Sair da zona de conforto, encarar de frente aquele monstro, abrir a porta e jogar a chave fora!

Vamos lá?! Pode acreditar! Não vamos perder o espetáculo que está acontecendo do outro lado! Ah... o monstro... Que monstro?! Quando o encaramos, ele se encolhe de medo e sai de fininho...

Beijos,

Com todo o meu carinho

Isabel

Blog de meuamorvirtual : Borboletando, Lição de Casa

sábado, 30 de janeiro de 2016

Valsinha


Valsinha

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar

E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu, e o dia amanheceu em paz

Composição: Vinicius de Moraes e Chico Buarque

 Blog de meuamorvirtual : Borboletando, Valsinha
 
Vento Novo
 
Estava enrolada
em teias e traças,
debaixo da escada,
lá no subsolo
da casa fechada.

Começava a tomar ares de desgraça.
Manchada do tempo,
fenecia
a esperar que um dia
alguma coisa acontecesse.

Antes que se perdesse completamente,
sentiu passar um vento cor-de-rosa.

Toda prosa, espanou a bruma,
pintou os lábios
e sem vergonha nenhuma
caprichou no recorte do decote.

A felicidade volta à praça
cheia de dengo e de graça,
com perfume novo no cangote.

Flora Figueiredo

Blog de meuamorvirtual : Borboletando, Valsinha

Tanto a música do Chico como o poema da Flora Figueiredo
Falam da possibilidade de mudança, de recomeço.

Mas, para isso, é necessário que se tome uma decisão.

Depois, é preciso que haja atitude, ação.

Ficar em casa com o vestido cheirando a guardado
Ou ficar enrolada em teias e traças
Não fará com que as mudanças aconteçam,
Com que os sonhos se realizem.

Hora, então, de sentir o vento cor-de-rosa,
Caprichar no decote,
Colocar perfume novo no cangote,
Sair para a praça
E contagiar a cidade
Com a sua felicidade...

 
Beijos,

Isabel