Sobre
"Fronteiras" e "A Mulher Ramada"
Em "A Mulher
Ramada" temos a figura de um jardineiro que, sentindo-se
solitário, decide que chegou o momento de ter uma
companheira.
Mas a companheira que ele
deseja tem que ser de acordo com o perfil que ele
delineou para ela. Conforme ela vai brotando, ele vai moldando-a,
podando-a, criando o seu ideal de mulher.
Ela pronta, linda, perfeita.
Ele amando-a e cuidando dela com todo o desvelo. Ela servil,
obediente, curvando-se às suas vontades, aos seus caprichos. A
mulher ideal.
Ideal, mas sem vida...mesmo no
inverno ele continua a podá-la, contrariando a natureza, expondo-se
às intempéries para que ela não escape do modelo por ele
idealizado.
Contrariar a natureza tem o
seu preço...ele adoece e perde o controle que tinha sobre
Rosamulher...
Ela, livre pela primeira vez,
floresce. Nunca fora tão rosa. E ele, percebendo que não podia
mantê-la mais presa aos seus caprichos de jardineiro e de amante,
simplesmente a abraça e descansa. Ela, então, lança galhos,
envolve-o num casulo de flores e perfumes...e se faz
mulher!!!
Na palavra ramada
temos duas outras palavras: rama e amada... a rama sugere galhos,
cipós, prisão, emaranhado, enquanto amada
sugere um amor livre das ramas, do cuidado excessivo, do ciúme
doentio... assim como Rosamulher, só quem é livre é capaz de
amar!!!
"Fronteiras"
é uma síntese do texto "A Mulher Ramada". O
eu-lírico impõe apenas uma condição para amar, para dar ao amado
quantas flores ele queira, todas as horas, todos os dias, durante
todo o ano. Apenas ele não deve pisar no seu canteiro, deve
respeitar o seu espaço. Amar, sim, mas sendo livre. Porque o amor,
quando se torna escravidão, quando o outro passa a ser o dono, o
que controla, já não é amor...é possessão.
Beijos, com carinho
Isabel Menezes
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