segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Sobre "Fronteiras" e "A Mulher Ramada"

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Sobre "Fronteiras" e "A Mulher Ramada"

Em "A Mulher Ramada" temos a figura de um jardineiro que, sentindo-se solitário, decide que chegou o momento de ter uma companheira.

Mas a companheira que ele deseja tem que ser de acordo com o perfil que ele delineou para ela. Conforme ela vai brotando, ele vai moldando-a, podando-a, criando o seu ideal de mulher.

Ela pronta, linda, perfeita. Ele amando-a e cuidando dela com todo o desvelo. Ela servil, obediente, curvando-se às suas vontades, aos seus caprichos. A mulher ideal.

Ideal, mas sem vida...mesmo no inverno ele continua a podá-la, contrariando a natureza, expondo-se às intempéries para que ela não escape do modelo por ele idealizado.

Contrariar a natureza tem o seu preço...ele adoece e perde o controle que tinha sobre Rosamulher...

Ela, livre pela primeira vez, floresce. Nunca fora tão rosa. E ele, percebendo que não podia mantê-la mais presa aos seus caprichos de jardineiro e de amante, simplesmente a abraça e descansa. Ela, então, lança galhos, envolve-o num casulo de flores e perfumes...e se faz mulher!!!

Na palavra ramada temos duas outras palavras: rama e amada... a rama sugere galhos, cipós, prisão, emaranhado,  enquanto amada sugere um amor livre das ramas, do cuidado excessivo, do ciúme doentio... assim como Rosamulher, só quem é livre é capaz de amar!!!

"Fronteiras" é uma síntese do texto "A Mulher Ramada". O eu-lírico impõe apenas uma condição para amar, para dar ao amado quantas flores ele queira, todas as horas, todos os dias, durante todo o ano. Apenas ele não deve pisar no seu canteiro, deve respeitar o seu espaço. Amar, sim, mas sendo livre. Porque o amor, quando se torna escravidão, quando o outro passa a ser o dono, o que controla, já não é amor...é possessão.

Beijos, com carinho

Isabel Menezes


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