sábado, 30 de janeiro de 2016

Essa Que Eu Hei De Amar...


Essa Que Eu Hei De Amar…

Essa que eu hei de amar perdidamente um dia
será tão loura, e clara, e vagarosa, e bela,
que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela,
trazer luz e calor a essa alma escura e fria.

E quando ela passar, tudo o que eu não sentia
da vida há de acordar no coração, que vela…
E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela
como sombra feliz… — Tudo isso eu me dizia,

quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro,
e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro
do poente, me dizia adeus, como um sol triste…

E falou-me de longe: "Eu passei a teu lado,
mas ias tão perdido em teu sonho dourado,
meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!"

Guilherme de Almeida


Olá, amigos queridos!

Mais um soneto sobre o amor, desta vez sobre o amor idealizado. O eu-lírico sonha, imagina, faz planos de como será a mulher que ele haverá de amar.... Perdido nos seus sonhos dourados, na sua utopia, só percebe tardiamente que aquela a quem tanto desejava estava tão próxima, estava ao seu lado e ele não tinha notado...

E quantas vezes agimos assim?! Perdidos em nossas quimeras, idealizando algo que não é real, deixamos de viver momentos maravilhosos com pessoas que nos amam, que nos apóiam, que estão do nosso lado... e só percebemos o que perdemos quando resta apenas uma luz no poente a nos dizer adeus... e então acordamos do nosso sonho dourado, muitas vezes tarde demais!

Beijos, 

com carinho

Isabel

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