Suavíssima
Os galos cantam, no crepúsculo dormente . .
.
No céu de outono, anda um langor final de pluma
Que se desfaz por entre os dedos, vagamente . . .
No céu de outono, anda um langor final de pluma
Que se desfaz por entre os dedos, vagamente . . .
Os galos cantam, no crepúsculo dormente . .
.
Tudo se apaga, e se evapora, e perde, e esfuma . . .
Tudo se apaga, e se evapora, e perde, e esfuma . . .
Fica-se longe, quase morta, como ausente .
. .
Sem ter certeza de ninguém . . . de coisa alguma . . .
Tem-se a impressão de estar bem doente, muito doente,
Sem ter certeza de ninguém . . . de coisa alguma . . .
Tem-se a impressão de estar bem doente, muito doente,
De um mal sem dor, que se não saiba nem
resuma . . .
E os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .
Os galos cantam, no crepúsculo dormente . .
.
A alma das flores, suave e tácita, perfuma
A solitude nebulosa e irreal do ambiente . . .
Os galos cantam, no crepúsculo dormente . .
.
Tão para lá! . . . No fim da tarde . . . além da bruma . . .
Tão para lá! . . . No fim da tarde . . . além da bruma . . .
E silenciosos, como alguém que se
acostuma
A caminhar sobre penumbras, mansamente,
Meus sonhos surgem, frágeis, leves como espuma . . .
A caminhar sobre penumbras, mansamente,
Meus sonhos surgem, frágeis, leves como espuma . . .
Põem-se a tecer frases de amor, uma por uma
. . .
E os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .
Cecília Meireles
Um poema delicadíssimo da
Cecília Meireles, retratando o crepúsculo vespertino, o fim da
tarde, o dia se desfazendo, se apagando... e, de longe, os galos
cantando...
Quis arrematar o poema com
imagens de galos, e encontrei imagens belíssimas, de pintores
famosos, outros nem tanto...mas que fizeram uma linda e alegre
composição de cores, combinando com o colorido do céu no final do
dia.
Beijos,
com carinho
Isabel
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários