Sede Estranha

Sede Estranha

Dize-me, Amor, como te sou querida,
Conta-me a glória do teu sonho eleito,
Aninha-me a sorrir junto ao teu peito,
Arranca-me dos pântanos da vida.

Embriagada numa estranha lida,
Trago nas mãos o coração desfeito.
Mostra-me a luz, ensina-me o preceito
Que me salve e levante redimida!

Nesta negra cisterna em que me afundo,
Sem quimeras, sem crenças, sem ternura,
Agonia sem fé dum moribundo,

Grito o teu nome, numa sede estranha,
Como se fosse, Amor, toda a frescura
Das cristalinas águas da montanha!

Florbela Espanca

Bom dia, queridos amigos!

Mais um soneto da Florbela Espanca, belo em toda a sua força,  em toda a sua sede, em seu anseio, em seu desejo, em seu apelo...

Da cisterna negra da falta de sonhos, de fé, de ternura, o eu-lírico lança um apelo desesperado ao Amor, como o único capaz de redimi-lo, de salvá-lo, de iluminá-lo, de aconchegá-lo, de dessedentá-lo...

Isto me faz pensar em uma vida sem amor... deve ser exatamente o pântano, a cisterna escura, a agonia, o vazio tão bem descrito no soneto. A vida sem amor não tem sentido, perde a razão de ser...

E o primeiro amor e o mais importante em nossa vida é o amor de Deus. Quando sentimos Deus como um Pai que nos ama, que nos entende, que nos aconchega, que nos conforta, fica mais fácil amar... porque nosso coração fica repleto dessa ternura e nos tornamos canais para irradiar este amor...

E quem se sente amado por Deus também se ama, sabe que é importante, único, especial. Amando-se, ama ao próximo, ama a vida e ama todas as coisas feitas por Deus para fazê-lo feliz.

Não concebo a felicidade de outro modo. Deus é amor, nEle o amor se realiza. Ele quer o nosso bem, quer que sejamos felizes. Busque primeiro o amor nEle. Sinta-se inundado por este amor, por esta paz, por esta água cristalina da montanha, matando a sua sede, lavando toda a amargura, toda a dor, todo o ressentimento...

E que Ele te abençoe hoje e em todos os dias da sua vida!

Beijos,

com carinho

Isabel