Soneto do Amor
Total
Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinicius de
Moraes
Olá, amigos
queridos!
Mais um soneto do Vinicius,
um dos meus favoritos, contrabalançando com o anterior, que fala de
um amor extremamente passional e egocêntrico. No "Soneto do Maior
Amor", o foco está no próprio sentimento e na pessoa que ama.
Neste, muda-se o foco, voltado agora para a pessoa amada.
"Amo-te tanto, meu amor...", ao invés de
"Maior amor nem mais estranho existe que o meu..."
No primeiro, o eu-lírico dirige-se a si mesmo. Neste, dirige-se à
pessoa amada.
É o amor calmo, contrapondo-se ao
amor tempestuoso. E, mesmo que passe-se o tempo, os anos, que
mude-se a realidade, o amor permanece. Um amor prestativo, que
cuida, que não prende, simples, afetuoso mas, nem por isso, sem a
dose ideal de paixão, que é o alimento do amor. O amor na medida
certa: como amigo, como amante, como um bicho...
É um mar sem tempestades, sem
naufrágios, que conduz ao porto, que tem uma rota, um destino, ao
contrário do mar tormentoso do soneto anterior, que provoca um
turbilhão de sentimentos, mas que deixa no seu rastro destruição e
dor.
Beijos, um ótimo dia para todos!
com carinho
Isabel
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