sábado, 30 de janeiro de 2016

Mar Português


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Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

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Olá, queridos amigos!

Este poema, um dos meus preferidos do Fernando Pessoa, tem me acompanhado desde que o conheci e um trecho passou a ser um dos meus lemas:

"Valeu a pena? Tudo vale a pena
  Se a alma não é pequena."

O poeta volta à ideia da frase usada em "Navegar é preciso" mas, se lá ele imprimiu sua marca pessoal, aqui o herói é o povo português, assim como em "Os Lusíadas", de Camões.

Para que o mar fosse do povo português, pioneiro no seu  desbravamento durante o período das Grandes Navegações, foi preciso que se pagasse um alto preço: a vida dos marinheiros que pereciam durante as viagens, o que acontecia com a maioria que se arriscava em tão temerosa empreitada.

Foi preciso que se salgasse o mar com as lágrimas dos que ficavam sem o pai, sem o filho, sem o noivo ou  marido. E valeu a pena?! Para o poeta, "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena" pois "quem quer passar além do Bojador, tem que passar além da dor."

É o preço da conquista. "Navegar é preciso. Viver não é preciso." A famosa frase de Pompeu mostra que só os que se arriscam, só os que se doam, só os que pagam o preço é que são merecedores das grandes conquistas, das grandes vitórias.

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Beijos a todos,

com carinho

Isabel

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