O Uirapuru
Características e
Canto
O uirapuru é uma ave pequena de aproximadamente
12,5cm, de plumagem pardo-avermelhada e bem simples, tendo às
vezes, nos lados da cabeça, um desenho branco. Tem bico forte, pés
grandes e de comportamento irrequieto, movendo-se rapidamente no
meio da folhagem ou do solo.
Pássaro típico da Amazônia e raramente visto, pois vive habitualmente na parte mais alta das copas das árvores da selva. Alimenta-se de frutas e insetos.
Durante o ano todo, o uirapuru canta apenas cerca de quinze dias, pois seu cantar longo e melodioso só acontece para atrair a parceira para o acasalamento e durante a construção do ninho. Cantos que duram de dez a quinze minutos ao amanhecer e ao anoitecer.
O canto do uirapuru ecoa na mata virgem com um som puro e delicado, como o de uma flauta. Parece ser emitido por uma entidade divina. Quando canta o uirapuru, a floresta silencia. Todos calam para reverenciar o mestre, todos seduzidos pela beleza do seu trinado.
Quem tiver o privilégio de ouvir seu canto, jamais o esquecerá.
Lendas sobre o Uirapuru
A Paixão do Jovem Índio
Existe a lenda amazônica sobre o Uirapuru. Nos registros existem,
basicamente, duas narrativas, entretanto, ambas revelam que a
origem do Uirapuru foi a compensação dada pela divindade ao grande
sofrimento causado por amor de impossível realização.
Uma das narrativas conta que um jovem índio apaixonou-se perdidamente pela esposa do grande cacique da tribo. Incapaz de viver este amor impossível pediu a Tupã, que o transformasse em ave, para amenizar a sua dor. Desde então, às noites, passou a cantar bela melodia, para fazer a sua amada dormir.
O cacique ficou tão fascinado pelo canto que perseguiu o pássaro para prendê-lo. O Uirapuru voou para a floresta e o cacique, na perseguição, nela se perdeu para sempre.
Todas as noites o Uirapuru voltava para acalentar os sonhos do seu amor, esperando, também, que um dia, a índia pudesse reconhecê-lo e despertá-lo do seu encanto.
A Paixão de Duas
Índias
A outra narrativa conta que duas índias muito
amigas apaixonaram-se pelo mesmo guerreiro da tribo. A história do
amor das duas se espalhou pela aldeia, e os mais velhos resolveram
perguntar ao índio qual das duas ele amava. A resposta surpreendeu
a todos, confessou seu amor pelas duas.
Pelas tradições da tribo não era permitido o casamento com as duas índias e, assim, o conselho de anciões da tribo decidiu: “o guerreiro casaria com aquela que primeiro conseguisse flechar um marreco voando”.
O casamento foi realizado. A índia que perdeu foi ficando cada vez mais triste, pois não suportava a impossibilidade de realizar seu grande amor e a saudade da amiga. Procurou um lugar distante e começou a chorar. Chorou tanto, que suas lágrimas se transformaram num riacho.
Inconformada com aquela situação implorou a Tupã para ser transformada num pássaro.
Tupã compadecido atendeu-a dizendo: “de hoje e para sempre serás o Uirapuru. Terás um canto tão lindo e harmonioso que te livrarás de teu sofrimento. Quando cantares a floresta silenciará”.
Fontes
Livro "Cultura Amazônica" de João Paes Loureiro;
Sites: shvoong.com/humanities;
portalamazonia.globo.com;
saudeanimal.com.br;
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários