Borboletas
Borboletas me convidaram
a elas.
O privilégio insetal de
ser uma borboleta me atraiu.
Por certo eu iria ter
uma visão diferente
dos homens e das coisas.
Eu imaginava que o mundo
visto de uma borboleta seria,
com certeza,
um mundo livre aos
poemas.
Daquele ponto de vista:
Vi que as árvores são
mais competentes
em auroras do que os
homens.
Vi que as tardes são
mais aproveitadas
pelas garças do que
pelos homens.
Vi que as águas têm mais
qualidade
para a paz do que os
homens.
Vi que as andorinhas
sabem
mais das chuvas do que
os cientistas.
Poderia narrar muitas
coisas ainda
que pude ver do ponto de
vista de
uma borboleta.
Ali até o meu fascínio
era azul.
Manoel de Barros
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