sexta-feira, 17 de julho de 2020

A vida é agora

 

 
Sentado à borda do tempo,
ninguém labora o infinito.
A vida precisa da tessitura do agora.
 
Costurar, minuto a minuto,
na demarcação dos ponteiros,
a túnica sagrada da existência.

Cultivar o olhar que de tudo transborda
e rebordar os acasos
com a linha que o todo une,
pois tudo é.
 
Nara Rúbia

 

sábado, 7 de abril de 2018

Prece de Amor

Canção do Irmão Ausente

Como estiveres agora
Nosso Bom Deus te guarde
Como estiveres pensando

Nosso Bom Deus te use
 
Onde te encontres na vida
Que Deus te ilumine
Com quem estejas seguindo
Nosso Senhor te guie


No que fizeres tu
Peço ao Bom Deus
Que possa te amparar
E em cada passo teu
A Mão de Deus
Irá te abençoar

Como estiveres agora...

domingo, 1 de janeiro de 2017

Recomeçando




A vida se mostra bela
Na mão que acolhe
No riso que nasce
Nas cores do dia
Nos anos que passam
A vida se faz encanto
Em cada canto do universo

Celebre
Cante
Viva sem medo
Faça valer sua existência
Neste tempo
Que lhe foi dado

Lou Witt



quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Das coisas que gosto




Eu gosto de simplicidade, de riso fácil, eu gosto de humildade. Eu gosto de gente que fala e cumpre,  gosto de gente intensa, gente que pensa, faz e acontece.


Eu gosto de gente que não tem medo, gente atrevida, desmedida, eu gosto de gente que sabe guardar segredo.


Gosto daqueles que sabem ouvir, vibrar e chorar comigo, gosto daqueles que oferecem um ombro amigo sempre que preciso.


Eu gosto de gente interessante, que só se importa com o que é realmente importante, que não perde tempo com banalidades. Gosto daqueles que amenizam saudades.


Gosto de gente que nunca desiste, que sempre insiste e vai além. Gosto de quem cai e levanta, que não se intimida no primeiro obstáculo, gosto de quem traz paz, gosto de gente que fala e faz.


Gosto de surpresas, gosto de carinho, gosto de respeito, às vezes gosto de tudo do meu jeito, mas acima de tudo eu gosto de gostar.


Wandy Luz

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Esperança


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso voo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

Mario Quintana


terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Dos Desejos Novos



 

Desejo tantos abraços que viram ninho e fazem o sentimento voar.
Desejo desejos frescos, revigorados, restaurados dentro de uma esperança que faz cosquinha e arranca riso, que faz o riso virar lar.
Desejo abrir os frascos das vontades guardadas, das querências amassadas, das promessas vencidas e libertar tudo o que ainda aprisiona o que sinto.
Desejo um olhar novo todo dia, que não se canse mesmo quando os amanheceres não acordem uma manhã de sol.
Desejo menos pessoas rasas e mais sentimentos profundos. 


Desejo permanecer intuitiva, continuar viva dentro de alguma poesia, de todas as músicas, de algumas ondas, de tantos amores, tornando minha realidade lúdica a cada respiração do tempo.
Desejo encontros, encantos, embalos e qualquer movimento que facilite meu acesso à paz.
Desejo mais mãos dadas e menos julgamento, mais riso frouxo e menos cobrança, mais passeios dentro da nossa criança para perceber-nos frágeis.
Desejo colecionar horizontes para entender o pôr do sol e assim, saber o valor de cada nova manhã.
Desejo que minhas escolhas dancem no ritmo da sorte e que meu norte não se distancie do caminho, acreditando nos atalhos do coração que me guiam rumo à direção que acolhi por dentro.


Desejo vagar dentro dos meus desejos, devagar, para percebê-los tão meus que já se solidificaram dentro dos sonhos.
Desejo que as decepções não cortem tanto e que se assim for, que todo o pranto se converta em lição bem bonita, que daria até pra fazer uma melodia. Porque nada melhor que fazer ironia com a tristeza para diminuir o aperto da vida.
Desejo que, sempre que o silêncio for maior e o choro engasgar a garganta da alma, eu possa ter a serenidade de saber-me eu, resgatando de dentro a força que me habita e descansa, por vezes, em algum canto dormente do meu corpo.
Desejo um oceano inteiro e seus desafios e não somente costear as possibilidades mais valiosas que eu me deparar pela frente.
Desejo céu com cortina de estrelas pra iluminar mais os medos que acordam de noite.


Desejo estar mais relaxada dentro de mim, sabendo-me normal dentro das minhas fraquezas.
Desejo jogar a rede no mar para arrastar pra perto um tanto de afeto que estava afogado.
Desejo que esteja aberta e atenta para saber perceber que dentro de um olhar inteiro pode se pronunciar também tudo que não é dito.
E desejo nunca perder esse meu jeito exagerado e até meio desajeitado de querer abraçar o mundo, de cuidar de todos, mesmo que muitas vezes esqueça de mim.
Desejo sinceramente um "Novo Ano Novo", onde possa gentilmente abrir mão do "não" e descobrir a simplicidade de um “sim."


Lilian Vereza




segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Recomeços


 
E, no fim, a gente aprende a trilhar novos caminhos. 
  Aprende a ser feliz nas miudezas.  
A criar novos sonhos.  
A encontrar outro norte.  
Descobre o prazer do simples.  
A alegria das horas.  
A delicadeza dos momentos.  
Aprende a estreitar os laços.  
A afrouxar os dedos.  
Entende enfim que, o que faz bem, se eterniza.  
E o que é bom, permanece...
 
Eunice Ramos


terça-feira, 22 de novembro de 2016

Esse Seu Olhar

Esse Seu Olhar

Este seu olhar
Quando encontra o meu
Fala de umas coisas
Que eu não posso acreditar 

Doce é sonhar
É pensar que você
Gosta de mim
Como eu gosto de você! 

Mas a ilusão
Quando se desfaz
Dói no coração
De quem sonhou
Sonhou demais 

Ah!, se eu pudesse entender
O que dizem os teus olhos

 Tom Jobim 


 

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Doçura


Doçura

Quando a aurora se rompe
Meu olhar dirige-se aos céus.
Sussurro às brumas e
Ouço que
Sem amor
Sem emoção
Sem doçura
Seríamos como gotas salgadas
de um frio oceano.
  
Arnalda Rabelo

domingo, 20 de novembro de 2016

Canção do Amor Sereno


Canção do Amor Sereno 

Vem sem receio: eu te recebo
Como um dom dos deuses do deserto
 Que decretaram minha trégua, e permitiram
Que o mel de teus olhos me invadisse.

Quero que o meu amor te faça livre,
Que meus dedos não te prendam
Mas contornem teu raro perfil
Como lábios tocam um anel sagrado.

Quero que o meu amor te seja enfeite
E conforto, porto de partida para a fundação
Do teu reino, em que a sombra

Seja abrigo e ilha.
Quero que o meu amor te seja leve
 Como se dançasse numa praia uma menina.

Lya Luft

Colhe o Dia


Colhe o Dia, porque És Ele

Uns, com os olhos postos no passado,
Veem o que não veem: outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, veem
O que não pode ver-se.

Por que tão longe ir pôr o que está perto —
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.


Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.


Ricardo Reis, in "Odes"
Heterônimo de Fernando Pessoa